CEO da IBJR Brasil alerta que operadores ilegais respondem por 60% do mercado de apostas

O Brasil lançou seu mercado regulamentado de apostas online em 1º de janeiro, encerrando anos de atrasos regulatórios que muitos atribuem à proliferação de sites ilegais de apostas e jogos.
No entanto, a preocupação com o mercado paralelo ainda persiste, com operadores licenciados alertas para a concorrência desleal de empresas que não seguem as rígidas normas impostas pela Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) para os operadores autorizados.
Gelfi, que também é sócio-diretor da operação da Betsson no Brasil, está entre os que demonstram preocupação com o mercado ilegal no país. Ele ajudou a fundar o instituto IBJR, com o objetivo de oferecer representação independente ao setor e apresentar demandas aos reguladores federais.
Em uma entrevista ao Poder360, ele afirmou que operadores não licenciados são responsáveis por aproximadamente R$ 1 bilhão em receita bruta de jogos (GGR) por mês, o que equivale a 60% do mercado online.
Em sua estimativa, ele utilizou dados anteriores à regulamentação para calcular que a receita anual do setor chega a R$ 25 bilhões.
“Nosso principal desafio daqui para frente é a formalização do mercado de apostas”, disse Gelfi. “Existe uma atividade econômica não monitorada e não tributada ocorrendo nesse setor, e isso dificulta o desenvolvimento de um mercado sustentável.”
Apesar da dominância reportada do mercado paralelo, Gelfi acredita que a regulamentação rígida tornará o Brasil um dos principais mercados regulados de jogos do mundo.
“Apesar de observarmos um nível de informalidade absolutamente insustentável, entendemos que [nossa] regulamentação, como estrutura, é moderna e torna o mercado competitivo”, completou Gelfi.
Colaboração é essencial para restringir operadores ilegais
O IBJR afirma representar 75% do mercado brasileiro de apostas, tendo entre seus membros gigantes como Bet365, Entain e Flutter.
O instituto prometeu atuar em parceria com a SPA, além de órgãos como a Receita Federal e o Banco Central, para combater o mercado ilegal de apostas.
“Como instituto, sob a liderança de [o diretor-executivo do IBJR] Fernando Vieira, nosso principal objetivo hoje é conscientizar e colaborar com as autoridades e órgãos reguladores para que possamos realmente acelerar esse processo de formalização”, explicou Gelfi.
“Entendemos que quanto mais fluido for esse diálogo, mais eficaz será nosso trabalho.”
Uma das medidas utilizadas para combater o mercado ilegal é o bloqueio de sites, com Gelfi observando que 12 mil sites ilegais já foram retirados do ar.
No entanto, Gelfi demonstrou preocupação com a eficácia dessa medida, considerando que o bloqueio de sites “não é suficiente, por si só”, para conter os operadores ilegais.
Ele, assim como outros, defende o bloqueio de pagamentos como a medida mais eficaz, citando a proibição do uso do serviço de pagamento instantâneo Pix como uma ação mais eficiente de fiscalização.
“Talvez o principal mecanismo para combatermos o mercado ilegal seja o monitoramento das transações financeiras”, acrescentou Gelfi. “O coração da nossa atividade é o Pix.”
“Se as instituições financeiras monitorarem efetivamente quem está usando o Pix [para apostas ilegais], podemos sufocar essa informalidade.”