Especialista em fusões e aquisições prevê que 10 operadores dominarão o mercado de apostas no Brasil

Christian Tirabassi, fundador e sócio sênior da empresa de consultoria Ficom Leisure, prevê que o mercado de apostas do Brasil será dominado por 10 a 12 operadores de primeira linha, enquanto os de nível dois e três terão dificuldades para competir com barreiras à entrada tão altas.’
O mercado brasileiro de apostas virtuais foi lançado no dia 1º de janeiro, com 14 operadores totalmente licenciados. Posteriormente, a Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) autorizou cerca de 80 operadores no mercado legalizado hoje.
No entanto, embora esses operadores já tenham enfrentado altas barreiras de entrada, como a taxa de licença de R$ 30 milhões (US$ 5,5 milhões), alguns acreditam que os custos pesados para a continuidade do compliance podem forçar a saída do mercado de operadores menores.
Acrescente-se a isso um possível aumento do imposto sobre o jogo de 12% para 18% do GGR, que é a receita bruta sobre o jogo, além de mais restrições de publicidade, e o mercado provavelmente refletirá os mercados europeus mais maduros, onde um punhado de players maiores dominam a participação de mercado.
“As empresas que performavam bem no Brasil antes da regulamentação estão mantendo essa posição real de liderança”, diz Christian à iGB.
“A única estratégia diferente é a joint venture entre a MGM e o Grupo Globo, que é [nova no mercado], mas o resto são marcas em continuidade, como a Betnacional sendo adquirida pela Flutter.
“A maioria do mercado será dividida em 10 a 12 operadores, que podem ser de 30 marcas. Os [operadores] abaixo de um certo limiar de GGR vão lutar para competir.”
A H2 Gambling Capital estima que a indústria de apostas online do Brasil poderá chegar a R$ 31 bilhões (US$ 5,5 bilhões) em GGR em 2025, crescendo para R$ 64 bilhões em 2030. Sem considerar o possível impacto de um aumento de impostos.
Operadores regionais poderiam resistir
Apesar de acreditar no prevalecimento dos operadores maiores, Christian sugere que os concorrentes menores poderiam manter uma participação de mercado razoável caso consigam encontrar um nicho.
“Pode ser um nicho regional”, continua Christian. “Não como um operador nacional, mas talvez um operador que tenha uma participação de mercado decente numa região específica por qualquer razão.
Mas os números seriam muito menores do que os que vão para a participação de mercado nacional, como a Bet365, Flutter, EstrelaBet, as empresas que vão ganhar mais de R$ 200 a 300 milhões de GGR por ano.”
Aquisição de clientes sob pressão devido às novas medidas de publicidade
Com a expetativa de que os operadores menores se debatam devido ao custo de se fazer negócios no Brasil, os acontecimentos recentes podem fortalecer essas empresas.
Novas restrições de anúncios proibindo o uso de influenciadores e atletas e introduzindo marcos protecionistas foram aprovadas pelo Senado em maio. O aumento da alíquota de imposto , que representa 50% a mais em relação à taxa atual, sem dúvida, pressionará ainda mais os operadores que enfrentam dificuldades para competir.
Christian espera que mais de US$ 2,5 bilhões sejam gastos em marketing no Brasil nos próximos 18 meses com os esforços dos operadores para competir no novo mercado. A previsão é de que os operadores maiores componham a maior parte desse gasto, já prevendo o avanço das futuras restrições aos anúncios.
“Esperávamos que haveria algumas restrições”, acrescenta Christian. “Antes que isso aconteça, as empresas vão inundar o mercado.
Eles vão tentar obter a maior participação de mercado que puderem. E se e quando essas restrições entrarem, eles [já] terão uma participação de mercado considerável que, possivelmente, irão manter.”
Possíveis obstáculos às fusões e aquisições no Brasil
Christian acredita que o Brasil se torne o mais importante mercado de fusões e aquisições da história dos jogos da LatAm, o que poderia representar uma saída lucrativa para operadores menores, ou permitir que eles operem dentro de uma corporação maior.
Ele aconselha que esses operadores independentes garantam o cumprimento de todos os requisitos corporativos necessários, de modo a facilitar uma possível venda. Na sua experiência, a falta de estrutura empresarial pode levar a problemas para os operadores.
“O que vimos é que se você tem um negócio muito grande com uma estrutura corporativa pequena que não está alinhada com o tamanho do negócio, é aí que [os operadores] terão de se recuperar”, diz Christian.
“Embora tenham cumprido os requisitos legais e de compliance necessários para a licença, precisam ter um CFO e um consultor empresarial alinhado e de olho nos números, para que estejam preparados para due diligence e assim por diante”, conclui.