Home > Jurídico e conformidade > Justiça suspende ordem de bloqueio de ISPs para operadores no Rio de Janeiro sem licença da Loterj

Justiça suspende ordem de bloqueio de ISPs para operadores no Rio de Janeiro sem licença da Loterj

| By iGB Editor
A Justiça Federal do Rio de Janeiro da 1ª Região decidiu que plataformas de apostas ativas no estado sem licença da Loterj (Loteria do Estado do Rio de Janeiro) podem continuar operando.

A decisão vem após a Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL) apresentar um recurso para tentar reverter uma decisão federal que estipulava que operadores ativos no Rio de Janeiro sem a licença da Loterj seriam bloqueados.

A Anatel, Agência Nacional de Telecomunicações, foi ordenada pelo tribunal a tomar “medidas apropriadas” para bloquear os sites dos operadores que não tivessem obtido uma licença da Loterj.

A Loterj afirmou que a decisão ajudará o governo do Rio de Janeiro a combater a lavagem de dinheiro e eliminar a concorrência não licenciada aos operadores credenciados pela Loterj.

No entanto, a ANJL apresentou um recurso e a nova decisão do juiz federal Pablo Zuniga Dourado “parcialmente” aceitou o recurso, suspendendo sua decisão inicial de conceder uma liminar e ordenar o bloqueio dos sites.

Zuniga apontou o prazo de 31 de dezembro para as solicitações de licença federal como base para reverter a ordem de bloqueio. A ANJL argumentou que o “período de transição” até o prazo final significava que as empresas precisavam de tempo para regularizar e registrar suas aplicações enquanto ainda operavam normalmente no Rio de Janeiro. Zuniga aceitou esse argumento.

“Aceito parcialmente os pedidos de esclarecimento, com efeitos infratores, para corrigir a omissão e determinar a suspensão da decisão que concedeu parcialmente a medida liminar”, dizia a decisão de Zuniga.

Operadores têm até 31 de dezembro para garantir as licenças

Em maio, o governo do Brasil publicou a Portaria Normativa nº 827. A portaria esclareceu que os operadores têm até 31 de dezembro de 2024 para obter autorização para operar.

Os operadores autorizados receberão uma licença por cinco anos após o pagamento de uma taxa de R$ 30 milhões (£4,6 milhões/€5,4 milhões/$5,9 milhões).

No entanto, operadores ativos sem licença a partir de 1º de janeiro de 2025 enfrentarão penalidades.

A Portaria Normativa nº 1.233, uma das portarias finais a serem publicadas, focou nas sanções disponíveis para punir os operadores que cometerem infrações, como atuar sem licença.

Uma multa de entre 0,1% e 20% sobre os lucros no ano anterior ao início do processo de sanção pode ser aplicada, com limite de R$ 2 bilhões. Operadores não conformes também podem ser proibidos de obter ou solicitar uma licença por até 10 anos.

A sub-secretaria de monitoramento e fiscalização do SPA iniciará o processo. Esse processo será então encaminhado à sub-secretaria de ações sancionatórias para decidir quais punições serão aplicadas.

Udo Seckelmann, chefe de jogos e criptomoedas do Bichara e Motta Advogados, acredita que a multa de R$ 2 bilhões é “excessiva”. No entanto, ele também considera que será um eficaz fator de dissuasão.

“Acredito que a razão disso seja assustar os operadores e fazer com que fiquem mais cautelosos para não cometer infrações”, disse Seckelmann à iGB.

A Loterj está extrapolando sua competência?

A Loterj tem enfrentado críticas neste ano por o que é visto como uma extrapolação de sua competência.

Operadores que obtiveram a acreditação da Loterj foram autorizados a operar em todo o país, mesmo com o mercado brasileiro legal ainda não tendo sido lançado. Outras loterias estaduais só aprovam operadores para atuar dentro dos limites estaduais.

O Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR) criticou as ações da Loterj, afirmando que são uma “violação clara” das regulamentações federais. “Os atos praticados pela Loterj criam desordem, geram dúvidas desnecessárias e prejudicam o processo de regulamentação da indústria de apostas de odds fixas no Brasil”, afirmou a associação.

André Santa Ritta, advogado associado do Pinheiro Neto Advogados, considera que as críticas do IBJR são justificadas.

“O IBJR tem razão e seus argumentos fazem sentido”, disse Santa Ritta à iGB. “Eu mesmo estive envolvido nessas discussões. Não acredito que a Loterj tenha bases legais para permitir que as empresas operem em todo o país.”

Subscribe to the iGaming newsletter

Loading