VaideBet encerra patrocínio recorde com Corinthians em meio a acusações de corrupção

Em janeiro, o Corinthians anunciou que havia fechado um contrato de patrocínio de R$ 370 milhões (£59,8m/€69,4m/$75,9m) com a VaideBet. A operadora se tornaria patrocinadora máster da camisa do clube pelos próximos três anos. O acordo foi o maior patrocínio da história do futebol brasileiro.

No entanto, surgiram relatos de que a Polícia Civil de São Paulo estava conduzindo uma investigação sobre irregularidades relacionadas ao acordo, incluindo a presença de uma terceira parte.

Na última quinta-feira (6 de junho), o Corinthians anunciou que respondeu a um pedido da VaideBet com uma carta esclarecendo os detalhes das negociações. O clube reiterou que não havia cometido nenhum ato ilegal.

Apesar da carta, na sexta-feira o clube publicou um comunicado. Nele, revelou que a VaideBet havia interrompido o patrocínio, mesmo sem que a investigação tivesse chegado a uma conclusão.

“O Corinthians lamenta que seu parceiro comercial tenha encerrado o maior contrato de marketing esportivo do Brasil, do qual a empresa se beneficiou ao ponto de passar de uma casa de apostas desconhecida para a segunda posição no setor em apenas cinco meses”, dizia o comunicado.

“Vale destacar que o Corinthians é o maior interessado em resolver a questão mencionada. Por isso, não está poupando esforços para garantir que os fatos sejam esclarecidos, seja por meios próprios, através de terceiros ou em colaboração com as autoridades.”

Cláusula anticorrupção

Em seu anúncio de 6 de junho, o Corinthians destacou que o clube incluiu cláusulas anticorrupção em seus contratos padrão.

Por não estar satisfeita com o esclarecimento do Corinthians, a VaideBet “lamentavelmente” ativou a cláusula anticorrupção para rescindir o patrocínio.

Em uma declaração compartilhada com o Games Magazine Brasil, a VaideBet detalhou os motivos para encerrar o acordo.

“A marca acredita que a parceria não pode ser mantida enquanto houver qualquer suspeita em relação a condutas que não estejam de acordo com os preceitos éticos e legais”, disse a VaideBet. “Apenas uma dúvida, na opinião ética da marca, já é suficiente para determinar o encerramento – o que foi exercido pela VaideBet, acionando cláusulas do contrato que protegem os direitos da marca nessa decisão.

“A VaideBet lamenta o fim de uma parceria que deveria durar pelo menos três anos e agradece à imensa e apaixonada torcida corinthiana pelo carinho e respeito, que diariamente apoia a história e os valores da instituição.”

CPI comenta sobre patrocínios

Antes da descontinuação do acordo entre a VaideBet e o Corinthians, uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) criada para investigar manipulação de resultados também discutiu o patrocínio no futebol brasileiro.

Desde que o Projeto de Lei 3.626/2023 foi aprovado para regulamentar as apostas esportivas em dezembro, diversos patrocínios foram anunciados, além do do Corinthians. A Betfair, por exemplo, se tornou patrocinadora do Vasco da Gama. A Betano, por sua vez, patrocinou a primeira divisão brasileira, além da próxima Copa América.

No entanto, esses acordos não passaram sem escrutínio. Na reunião da CPI, o senador Eduardo Girão, ex-presidente do Fortaleza Esporte Clube, criticou os acordos e o impacto deles na reputação do futebol brasileiro.

“O conflito de interesses para mim é muito claro”, disse Girão.

“Eu, como presidente de clube, sou totalmente contra. Acho que estamos matando a galinha dos ovos de ouro no futebol. As pessoas não sabem se estão assistindo a um jogo real ou a um jogo combinado.”